A grande maioria dos “cidadãos” brasileiros mantêm o hábito de reclamar, reclamam de quase tudo, mas em especial da política e dos políticos. É comum nas rodas de bate-papo as velhas e conhecidas críticas, tais como: “o fulano é ladrão”, “o Presidente nunca sabe de nada”, “nosso governador não fez nada”, “político só gosta de dinheiro e poder”, “todos eles são corruptos” e assim vai.
De quem é a culpa? “Eles” se candidatam e nós é que votamos. “Eles” roubam, nós continuamos votando neles. “Eles” são corruptos, mas muitos de nós vendem o voto. “Fulano” é sério, prometeu um cargo pra mim e cumpriu. “Esse” presidente é bom, deu vale-esmolas até pra quem não precisa. Os culpados são os políticos ou somos todos nós?
Logicamente é muito mais fácil culpar alguém a ter que assumir qualquer culpa em todo o contexto, essas atitudes omissas acontecem nas ruas, em casa, nas escolas e principalmente no congresso, nas assembléias, nas câmaras, etc. Se os políticos têm um pouco mais de culpa é porque como líderes eles deveriam ser e dar exemplos, mas não é o que normalmente acontece.
Falamos muito em direitos do cidadão, será que sabemos o que é o verdadeiro direito de um cidadão?
“Direito são normas editadas pelo Estado, que disciplinam as relações entre as pessoas que vivem ou se encontram nesse mesmo Estado. Num estado democrático, as normas são elaboradas por representantes eleitos pela população. O direito de uma pessoa sempre se volta contra uma outra pessoa ou o próprio Estado. Portanto, a todo direito corresponde um dever (o de respeitar o direito do outro). Assim, todos somos titulares de direitos e deveres, o que é indispensável à vida social, permitindo condições de segurança e justiça para o desenvolvimento da pessoa humana”.
Pois bem, além dos direitos nós temos compromissos, que são muitos, e, é à partir do cumprimento dos nossos compromissos e deveres é que poderemos criticar e cobrar atitudes dignas dos nossos governantes.
Mas como? Dando pequenos exemplos de cidadania consciente, tais como: respeito às diferenças, não subornar um agente da lei se estivermos errados, e, se o mesmo pedir suborno, denunciarmos. Não comprarmos produtos pirateados e exigirmos além da fiscalização a adequação justa de preços dos produtos legalizados. Não basta simplesmente dar esmolas e doações, temos que cobrar e controlar a aplicação do orçamento público, não podemos é dar espaço para a corrupção e desvios de verbas públicas. Não basta não votar e falar mal do político que te decepcionou, temos que divulgar as más ações dos políticos e incentivar o voto consciente.
Precisamos resgatar e incorporar algumas expressões ao nosso vocabulário, mas principalmente, em nossas atitudes, como: ética, vergonha, respeito, honestidade, responsabilidade social, política, etc.
Ao exercer estas qualidades raras estaremos muito mais próximos do verdadeiro significado de ser realmente um cidadão, na prática e na essência da palavra.
Um cidadão têm que ter também responsabilidade política, tem que votar em quem se compromete a cumprir seu dever de cidadão eleito, onde informa e presta conta do seu mandato aos seus eleitores, que são os legítimos senhores de seus mandatos.
Temos que reclamar menos e agir muito mais, afinal, já tiramos um presidente da república por muito, mas muito menos do que estão se praticando no executivo e legislativo nacional, regional e municipal, vamos continuar aceitando as encenações grosseiras dos que aí estão? Por quê?
A meu ver, o conceito da verdadeira cidadania não é somente ter uma boa conduta, além de agirmos com civilidade temos que influenciar e até mesmo constranger os outros para que também ajam da mesma forma.
Nós devemos respeitar o próximo independente de sexo, cor, raça, religião, portadores de deficiência, idosos e outros, se fizermos uma verdadeira reflexão de nossas ações perceberemos que temos muito que mudar em nós mesmos, para posteriormente, tentar mudar as diferenças de comportamento, caráter, ética e respeito para com o cidadão por parte de nossos governantes.
Em uma roda de bate papo saiu a seguinte pergunta: “Qual a diferença de homem público e cidadão?” Eu respondi de bate pronto: “A maioria dos homens públicos não podem ser cidadãos, mas todo cidadão pode ser um homem público”.
Resumindo, todo cidadão deve ter a obrigação de se conscientizar e agir para que seu semelhante também se conscientize, para então, podermos cobrar os nossos direitos de cidadão, na essência da palavra.
“Rico ou pobre, forte ou fraco, o cidadão ocioso é um velhaco”
(Jean-Jacques Rousseau)
Postagens
